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A Embrapa Caprinos e Ovinos reuniu, nos dias 31 de maio e 1º de junho, em Sobral (CE), representantes de secretarias e órgãos públicos do setor agropecuário dos estados da Bahia, Ceará, Paraíba e Pernambuco para uma oficina de trabalho que discutiu as possibilidades de um maior alinhamento de políticas públicas estaduais e pesquisas em favor da caprinocultura leiteira no semiárido. Em dois dias de debates, foi encaminhada uma agenda de pautas sobre ações conjuntas para fortalecimento da cadeia e agregação de valor a produtos do leite caprino, que deve ser reforçada em nova oficina com o setor produtivo no mês de julho.
Um dos pontos mais ressaltados no debate foi a necessidade de reforçar a convergência de ações entre instituições de pesquisa, produtores de leite caprino e as agroindústrias, para melhor desenvolvimento da cadeia. “Temos o exemplo na Bahia, onde a parceria entre Governo do Estado e Embrapa trouxe uma colaboração para produtos como o queijo defumado de leite de cabra, favorecendo os produtores”, lembrou Fábio Oliveira, diretor de Desenvolvimento da Pecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia.
Para Fábio, esta sintonia de ações em favor da caprinocultura pode trazer um impacto social elevado, uma vez que a atividade tem ampla presença entre o público de agricultores familiares. “É nosso objetivo garantir um preço justo para remunerar os produtores, colaborando, inclusive, para diminuir o êxodo rural no semiárido da Bahia”, avaliou ele.
A colaboração da pesquisa agropecuária para profissionalização e fortalecimento da cadeia produtiva foi outro aspecto mencionado na oficina. Márcio Peixoto, coordenador de Pecuária da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará, relatou experiência de sucesso na implantação de ações de melhoramento genético na bovinocultura leiteira do estado que, em parceria com as associações de produtores, resultaram em melhorias nos índices de produção de leite nos últimos dez anos. Para ele, um trabalho semelhante, reunindo instituições de pesquisa, governo e caprinocultores pode ter resultados igualmente favoráveis.
“É importante trabalhar a cadeia com o objetivo de ampliar a produção, ajudando a formalizar a atividade, criar cooperativas”, afirmou Márcio, citando as potencialidades do leite caprino em regiões do Ceará como o Sertão Central e os Inhamuns. “Produzimos leite hoje principalmente para programas governamentais, mas vejo a atividade com potencial para chegar a outros mercados, com produtos como queijos, iogurtes”, frisou ele.
Segundo os participantes, a ideia de congregar esforços dos estados nordestinos para uma atividade econômica difundida na região – o Nordeste concentra 91,6% do efetivo de caprinos no país, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2014 – vem em momento oportuno. “Vemos que nos estados existem desafios e realidades distintas, mas ao mesmo tempo existem condições em comum. É possível fazer ações conjuntas”, destacou Marcelo Rabelo, do Programa de Apoio a Pequenos Animais do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). “A caprinocultura só se transformará em um grande negócio quando for considerada um negócio da região Nordeste e não de estados isolados”, ressaltou Aldomário Rodrigues, pesquisador da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa).
Diálogo com setor produtivo
A oficina com os representantes de secretarias e órgãos estaduais integra uma política de diálogos permanentes com o setor produtivo, intensificada pela Embrapa Caprinos e Ovinos a partir de oficinas de concertação, realizadas em 2014 e 2015. Na avaliação de Marne Moreira, coordenador de Capacitação do Departamento de Transferência de Tecnologia da Embrapa, o encontro foi rico em ideias que possam contribuir com a agregação de valor aos produtos derivados do leite de cabra (queijos, iogurtes, doces, bebidas lácteas, entre outros), temática que será o foco da nova oficina sobre caprinocultura leiteira, que será realizada com produtores, técnicos e instituições ligadas à cadeia produtiva em julho.
Para o chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, Marco Bomfim, o encontro foi animador para verificar que, mesmo em um cenário marcado por muitos desafios, existem políticas públicas nos estados nordestinos que são conduzidas por equipes técnicas muito qualificadas. Segundo ele, é uma demonstração de que esses estados tratam a caprinocultura como atividade relevante para a economia nordestina.
Fonte: Embrapa Caprinos e Ovinos