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Silagem: nova lona traz benefícios financeiros para o produtor

Há quinze anos pesquisadores estrangeiros foram convidados para uma reunião técnica aqui no Brasil com o intuito de comentar o que havia de novo na área de produção e uso de silagens. Dentre as inovações tecnológicas apontadas por eles se destacaram: i) equipamentos (colhedoras automotrizes; embaladoras de fardos), ii) estruturas de estocagem (silo ‘bolsa’ e silo ‘bola’) e iii) inoculantes. Atualmente, todas essas tecnologias estão disponíveis no nosso país, em maior ou menor escala, de acordo com a região e condições financeiras dos produtores. Isso mostra que a conservação de forragens vem avançando e que o Brasil tem absorvido os métodos disponíveis.

Uma questão levantada naquela reunião foi a necessidade de filmes plásticos (lonas) de melhor qualidade, pois os materiais a base de polietileno (principal material utilizado para produzir as lonas) não se mostravam tão efetivos. Desse modo, nesses últimos dez anos vários estudos foram conduzidos com o objetivo de se encontrar um plástico que promovesse maior barreira ao ar, ou seja, que diminuísse a níveis mínimos a quantidade de oxigênio que pudesse penetrar da atmosfera para dentro do silo, pois a lona é o ‘divisor de águas’ entre esses dois ambientes.

A primeira lona surgida após estes estudos foi a que associava o polietileno a poliamida, pois esta ultima oferece maior barreira ao ar. Contudo, o plástico não foi aprovado totalmente pelos produtores porque era um material muito rígido e tendencioso as rasgos. Desse modo, uma segunda geração de lona com barreira ao oxigênio foi desenvolvida por meio da substituição da poliamida pelo etileno vinil álcool. Então, a indústria plástica iniciou a produção deste plástico em larga escala e o mesmo passou a estar disponível no mercado mundial.

Recentemente foram publicados os resultados de um estudo em um dos jornais científicos mais importantes do mundo comparando este novo plástico ao convencional de polietileno. Um dos aspectos interessantes mostrados foi o retorno financeiro trazido ao produtor quando se usa uma lona de melhor qualidade. Para tal calculo os pesquisadores utilizaram o quanto de silagem que se deteriorou sob cada lona, o preço da tonelada de silagem em condições de mercado, o tempo para descartar a silagem deteriorada, o custo empenhado neste serviço e o preço dos plásticos. Este estudo foi realizado em condições de campo, ou seja, vivenciando o dia a dia das fazendas.

Embora o novo plástico apresente um custo mais alto, o uso dele reduziu a quantidade de silagem deteriorada e, consequentemente, houve diminuição do trabalho para eliminar esta parte da massa que não pode ser servida aos animais. Assim, houve um benefício médio de 2,12 dólares por tonelada ensilada quando a silagem foi coberta com a nova lona. Considerando o valor do dólar a R$ 2,80 haveria um retorno médio para o produtor brasileiro de quase R$ 6,00 por tonelada.

Cabe ressaltar que somente um plástico de melhor qualidade não é suficiente para evitar ou reduzir perdas. Esta tecnologia deve vir sempre acompanhada de um bom manejo. Produtores devem evitar principalmente a estocagem de silagem acima das paredes quando se usa silo trincheira e quando o silo estiver aberto devem adotar uma taxa de retirada de no mínimo 30 cm por dia ao longo de todo o painel.

O autor: Thiago Fernandes Bernardes    Lavras – Minas Gerais
Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) – MG. www.tfbernardes.com
Fonte:Farmpoint

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