ORIGEM – O Merino Espanhol é considerado um dos ovinos domésticos mais antigo de todos os conhecidos, e é descendente de um ovino selvagem primitivo natural da Ásia Menor, o Ovis arkal.

A partir do século XVIII o Merino Espanhol foi o tronco de origem das numerosas raças Merinas desenvolvidas em diversos países: Merino Electoral ( na Alemanha), Merino Negrette ( na Austria-Hungria),
Merino Rambouillet (na França), Merino Vermont, Delaine e Rambouillet Americano (na América do Norte), Merino Argentino
(na Argentina), Merino Uruguaio (no Uruguai) e finalmente o Merino Australiano (na Australia). Em 1794 foram introduzidos na Australia 26 Merinos Espanhóis, provenientes da Colonia do Cabo (África do Sul).

Os magníficos resultados obtidos com estes primeiros Merinos fomentou a importação, em maior escala, de Merinos Negrette e Electoral, e em menor escala o Rambouillet e posteriormente o Merino Vermont (excessivamente enrugado) Admite-se que na formação do atual Merino Australiano participaram: Merino Espanhol 25%, Merino Vermont 40%, Merino Electoral e Negrette 30% e Merino Rambouillet 5%,

ASPECTO GERAL – É um animal imponente, de aspecto nobre. Bom desenvolvimento corporal. Constituição robusta. Conformação angulosa. Denota grande volume de lã. Raça especializada na produção de lã fina, apresenta um equilíbrio zootécnico orientado 80% para a produção de lã fina e 20% para a carne.

CABEÇA – Comprida (dolicocéfala), bem desenvolvida, perfil convexilineo. Focinho forte, no macho apresenta de 2 a 4 rugas transversais na parte superior. Boca relativamente pequena com lábios fortes e rosados, livres de pigmentos escuros. Morro largo, com narinas abertas e mucosas rosadas. Cara livre de lã, coberta de pelos finos, brancos, suaves e brilhosos. Os olhos não muito proeminentes com pestanas brancas. Lacrimais pouco pronunciados. Orelhas curtas, carnudas, cobertas de pelos brancos, finos e suaves. Lã de boa qualidade cobrindo a cabeça até a linha dos olhos, deixando a visão completamente livre. As partes desprovidas da lã e pelos devem ser de cor rosada clara. Os lábios, nariz, pálpebras, orelhas e céu da boca não podem apresentar manchas negras ou marrons. Nos animais mais velhos é comum surgirem pigmentos escuros na pele entre as narinas, nas mucosas nasais e lábios. Originalmente é uma raça aspada, mas somente o macho ostenta chifres. Existe uma variedade mocha, que com excessão dos chifres, todas as outras características são iguais. A variedade mocha tem que ser completamente isenta de chifres, até mesmo de rudimentos. Na variedade aspada os chifres são grandes com base triangular, grossura média e em espirais relativamente abertas, implantados a boa distância entre si, dando lugar a uma nuca larga. Os chifres apresentam ainda ondulações em toda a extensão, com âmbar e completamente livre de estrias de outras cores.

PESCOÇO – Forte e moderadamente curto, bem inserido ao corpo e a cabeça, que mantém pouco acima da linha dorso lombar. Apresenta rugas na pele, que formam 3 a 4 grandes babados típicos, que caem até o peito formando os “aventais” ou babadeiros.

CORPO – Com tendência a ser cilíndrico, com caixa toráxica comprida, estreita e pouco profunda. Peito de largura mediana e profundo. Paletas levemente convergentes em direção as cruzes, que são estreitas e altas. Costelas pouco arqueadas. Linha superior, formada pelas cruzes, dorso e lombo não é muito reta, mas deve manter um mesmo plano. A garupa é comprida e um pouco inclinada. Paletas, quartos e lombo não apresentam músculos volumosos. A conformação do corpo é a de um animal tipicamente produtor de lã, sem o acabamento das raças carniceiras.

MEMBROS – São compridos, com ossos fortes mas não muito grossos, dando a impressão que o animal é muito alto, principalmente quando está com a lã muito curta. Os aprumos são bons, sem entretanto apresentar a correção das raças de carne. O afastamento entre as patas dianteiras entre si, não é muito grande. O mesmo acontece com as patas traseiras. Devem apresentar bastante afastamento entre as patas dianteiras e traseiras. Os cascos são relativamente pequenos e de cor amarelo claro.

PELE – Muito fina, rosada e lisa, salvo nas rugas do pescoço e em algumas que costumam aparecer até nos mais puros exemplares. São toleráveis pequenas rugas em forma de ferradura na base da cola. A lã que cobre as rugas ainda que menos fina deve estar isenta de pelos ou fibras meduladas.

VELO – Possui características especiais:muito pesado, denso, compacto e uniforme em todas as regiões do corpo. Cobre totalmente a superfície do corpo, parte da cabeça e membros, extendendo-se até bastante abaixo dos joelhos e garrões, sem no entanto chegar aos cascos. As mechas tem forma quadrada, adoquinadas. O peso do velo varia de 10 a 15 kg nos carneiros racionados, chegando até a valores bem mais elevados. Nos carneiros a campo atinge de 6 a 8 kg. As ovelhas de plantel produzem velos com 5 a 6 kg, sendo que as de rebanho geral atingem 4 kg ou mais.

– O diâmetro médio das fibras de lã varia de 16 a 26 micrômetros, o que corresponde na Norma Brasileira de Classificação da Lã Suja a finura que vão desde a Merina até a Prima B, e na escala inglesa de Bradford oscila de 80´s a 58´s. Os ovinos desta raça podem agrupar-se em três tipos, em função da finura de lã produzem.

TIPO
DIÂMETRO DAS FIBRAS
FINURAS CLAS. BRAS.
BRADFORD
Tipo fino 16 a 20 mic Merina 80´s
Tipo Médio 20 a 22 mic Merina 64´s a 60´s
Tipo forte 23 a 26 mic Amerinada
Prima A a Prima B
60´s a 58´s

Os tipos finos e médios constituem a maior parte da produção das ovelhas de rebanho geral e de plantel. Os machos pais de cabanha geralmente enquadram-se dentro do tipo forte e médio. As mechas, apresentam muita suavidade ao tato, coloração de um branco característico, com suarda fluídica incolor. O comprimento de mecha oscila entre 8 e 10 cm, sendo neste sentido uma excessão considerando a sua finura. Alguns exemplares ultrapassam estes limites. Além da coloração e suavidade ao tato é também muito típico da raça o “caracter” da lã, que é evidenciado através de ondulações muito acentuadas e uniformes em todo o velo. As ondulações são numerosas, atingindo 12 a 15, ou mais, em 25 milímetros de comprimento de mecha.

APTIDÕES – Produtora de lã fina por excelência. – Lã de grande qualidade e valor industrial – Elevado grau de rusticidade e adaptabilidade em regiões pobres, clima desfavorável. – Longeva, produzindo economicamente até idades avançadas – Não se adapta bem em campos úmidos e baixos – Os cordeiros são bastante vulneráveis ao nascerem, tem pouca cobertura de lã e muito pouco tecido adiposo – Os machos do tipo médio e forte, quando bem alimentados podem produzir capões pesados

DEFEITOS – São considerados defeitos desclassificatórios:

– Falta de densidade do velo, com pouco peso de lã;
– Falta de densidade de cobertura no lombo e dorso;
– Falta de densidade de cobertura de lã na barriga;
– Lã áspera;
– Presença de pelos ou de lãs muito meduladas em qualquer parte do velo;
– Manchas de lã pretas ou marros em qualquer parte do velo; – Suarda muito carregada, muito amarela;
– Malformações bucais; – Defeitos de aprumos que comprometam o bom desempenho do animal;

Defeitos cuja importância depende da intensidade da ocorrência:
– Excesso de lã na cabeça, dificultando a visão. Nos animais de plantel e em reprodutores em geral é considerado um defeito eliminatório
– Existência de manchas negras ou marrons nas mucocas e na pele entre as narinas.
– Pequenas manchas negras nas orelhas
– Desvio horizontal da coluna
– Falhas de conformação.