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Ação dos hormônios na relação materno-filial entre ovelhas e cordeiros

Pelo fato de cordeiros serem animais dependentes do cuidado materno, uma boa relação entre a ovelha e sua cria é necessária para a garantia da sobrevivência e desenvolvimento da mesma, de modo que eventos antecedentes e procedentes ao parto, assim como o perfil materno, podem favorecer ou não essa relação (RAINERI, 2008)

O comportamento materno-filial se inicia na gestação, onde eventos hormonais desencadearão respostas permitindo não apenas o reconhecimento materno, mas futuramente dando início a uma série de estímulos comportamentais. Esses estímulos vão desde a separação da ovelha do grupo, redução na nutrição e balidos algumas horas antes do parto, até a limpeza dos fluídos amnióticos, amamentação e termorregulação após o nascimento do filhote.

comportamento materno-filial ovelhas – cordeiros

Os hormônios prolactina, cortisol, ocitocina, entre outros, são fundamentais no decorrer desse processo, pois têm como função, além da produção de leite e contrações uterinas, o aumento dos cuidados da ovelha em relação ao cordeiro, influenciando na percepção de cheiros e sons produzidos pelo filhote, de modo a protegê-lo de possíveis ameaças (DWYER, 2008, RECH et al., 2008; NEMSADZE, SILAGAVA, 2010)

A prolactina é um hormônio proteico produzido na adenohipófise que tem como papel preparar as glândulas mamárias para a produção de leite no período pré-parto e estimular esta produção no pós-parto. Assim, disfunções neste hormônio fazem com que a fêmea não possa amamentar sua cria adequadamente.

O cortisol por sua vez é um hormônio esteroide muito ligado a situações de estresse como na privação de alimento, calor ou frio extremos, hipóxia, entre outras, que podem levar a um desequilíbrio durante a prenhez afetando o feto. Além da resposta à situações estressantes, esse hormônio também é liberado pelo feto para indicar o momento do parto, além de participar na produção de leite. Ao mesmo tempo em que o cortisol é prejudicial na prenhez e para a afetividade da ovelha com sua prole, pode auxiliar para que ela fique mais alerta ao cheiro e balidos do filhote, protegendo-o (DWYER; GILBERT; LAWRENCE, 2004).

Por fim, a ocitocina é um hormônio produzido no hipotálamo, armazenado na neuro-hipófise sendo liberado no parto pela estimulação sensorial da vagina e cérvix e estimulando as contrações uterinas. No bulbo olfatório ela promoverá uma atração por parte da ovelha pelos odores da cria e em geral, ela reduz a ansiedade e agressividade do animal levando a uma melhor relação com o cordeiro.

Além da endocrinologia, o perfil materno também é um fator decisivo no reconhecimento ou abandono da cria. Estudos mostram que ovelhas primíparas, ovelhas de idade avançada e ovelhas de saúde debilitada tem menor sucesso nos cuidados com seu filhote, seja por inexperiência ou pela incapacidade de nutri-lo e fornecer a ele os cuidados necessários para o seu bom crescimento.

Este perfil materno pode ser alterado de acordo com a idade e experiência da ovelha, assim como enfermidades, condições nutricionais, ambiente em que vive e outros fatores que acabam por prejudicar o desenvolvimento do cordeiro durante a gestação e após o parto (RECH, et al., 2011)

O abandono dos cordeiros é um fator que pode trazer muitos prejuízos para a criação, devido aos gastos com aleitamento artificial, menor desempenho zootécnico do cordeiro até a desmama e alto índice de mortalidade em uma propriedade – o que leva a um menor ganho para o produtor. Portanto, deve-se garantir boas condições sanitárias, nutricionais, um ambiente de parição tranquilo, com número reduzido de animais em um lote, afastado de predadores, limpo para as ovelhas antes, durante e após o parto para consequentemente garantir uma boa relação materno-filial e um cordeiro saudável e bem desenvolvido.

Referências bibliográficas

DWYER, C. M.; GILBERT, C. L.; LAWRENCE, A. B. Prepartum plasma estradiol and postpartum cortisol, but not oxytocin, are associated with interindividual and breed differences in the expression of maternal behaviour in sheep. Hormones and Behavior 46, 529 – 543, 2004. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0018506X04001382>.Acesso em: 8 set. 2015.

DWYER, C. M. The welfare of the neonatal lamb. Small Ruminant Research 76, 31–41. 2008. Disponível em:

Saiba mais sobre os autores desse conteúdo
Sarita Bonagurio Gallo Pirassununga – São PauloProfessora de Pequenos Ruminantes, FZEA/USP
Ingrid Bohn OUTRA – São PauloGraduanda em Medicina Veterinária, FZEA/USP

Fonte: MilkPoint

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